segunda-feira, 21 de julho de 2008

AUSÊNCIA

Desço por entre os aromas maduros de Outono
E
Ao sabor do teu perfume
Embala-me uma tontura afrodisíaca

À noite procuro a lanterna dos teus olhos

domingo, 20 de julho de 2008

NAMORO

Lembro-me duma melodia branca.
Talvez azul para ser tão infinita como o céu.
Com certeza azul para ser tão viva como o mar.
Lembro-me da melodia porque nunca a esqueci.
Lembro-me porque sempre me doeu o silêncio.
O silêncio é um barulho ruim, uma turbulência permanente, uma tempestade regular.
Os deuses castigam-me com silêncios.
Nem eu sei compreender porque fico refém dos silêncios.
Deixo-me prender numa muralha transparente e violenta de que furiosamente me quero libertar.
Se calhar não quero.
Porque é esta conduta que faz a história dos meus hábitos.
Nunca me deixei molestar por muita coisa e sofro sofrendo de sofrer, e magoo um dói de magoar, e grito um grito de amedrontar…
Às vezes preciso de ser péssimo.
Eu nunca soube e nunca saberei resistir a um desafio de circunstância.
Sou mais arrastado pelo desafio que pelo encantamento.
Agarra-me mais a provocação que a sedução.
Procuro uma voz no acaso dos números. Uma voz com sabor a violetas.
Uma voz com afectos anónimos.
Uma voz que se abra em ternuras como a fonte virgem onde ia colher água na minha infância.
Não imagino o que me possa fazer falta.
Talvez um seio.
Talvez um bafo com sabor a orvalho.
Talvez uma penitência para me redimir destes silêncios brancos.
Amanhã vou encontrar um rosmaninho para namorar comigo…

segunda-feira, 14 de julho de 2008

TARDE E CEDO

É na eira da minha infância que vou procurar a espiga rainha
E na espinha rainha o milho rei.
(Não sei porquê
Nunca entendi essa procura miudinha
Duma espiga rainha
Para que cada um possa desbragar em beijos
Os seus desejos.)

Mas eu quero a eira da minha infância
Porque será na eira de pedra quadrada
Que verei os teus caracóis
O teu olhar inquieto
O sobressalto do teu gesto
(Enquanto os pardais voam o voo incerto
E os goivos simplesmente florescem)

E não deveria querer mais nada para mim
Nem sequer uma palavra
Ou um ramo de alecrim
Pois eu sei que para ti não haverá antes nem depois
E que eu serei (tarde e cedo) a vulgar circunstância.

sábado, 12 de julho de 2008

O PAÌS DO ABSURDO

O INEM não tem dinheiro para sustentar as despesas actuais e muito menos pode fazer a aquisição de três helicópteros que se destinariam a transporte de doentes com urgências específicas e de distâncias não viáveis para as viaturas em funcionamento.
Eu não sou médico nem técnico dos serviços de saúde. Mas sou utente e sei, na própria pele, o que é salvar a vida por cinco minutos…E já lá vão mais de uma dúzia de anos…
Desde essa aventura, em que quase foi para o outro lado, passei a ser cliente habitual, para um controle regular, do funcionamento do músculo cardíaco.
Cumpro com rigor o preceituado médico, quase não preciso de muitas análises porque sei pressentir eventuais anomalias, mas vou de Viana a Coimbra, regularmente, para fazer controles e ajustamentos.
Sou, portanto, um utente dos serviços de saúde com larga experiência pessoal e conheço bem as diferenças de trato e de eficiência entre os hospitais periféricos e, no meu caso pessoal, os HUC’s... Estou mesmo proibido de tomar qualquer substância, receitada numa emergência, sem prévio contacto telefónico com o meu cardiologista...não vá o diabo tecê-las. Que nisto de médicos, há médicos e médicos…
O anterior ministro da saúde, Correia de Campos, tinha toda a razão quando teimava em apetrechar com tecnologias de ponta certos hospitais e viabilizar o transporte rápido dos necessitados de cuidados específicos para os hospitais com as competências adequadas...
Um hospital não é uma tasca e para garantir uma boa eficácia está obrigado a fazer regulares e caríssimas actualizações que devem ser permanentemente utilizadas para que sejam uteis e rentáveis...
Neste país de egoísmos e de absurdos abriu-se uma guerrilha contra o ministro porque as crianças iam nascer fora do terrunho dos antepassados… como se o local de assistência à maternidade não fosse a dependência dum expediente técnico-assistencial.
Diga-se, em abono da verdade, que o ministro não sabia ser pedagógico e era estupidapente pesporrente no trato.
Mas a sua visão estrutural da organização dos serviços de saúde era, em nossa opinião, absolutamente correcta.
Sócrates despediu o ministro porque gosta muito mais do afago eleitoral e das obras de emblema do que das soluções estruturais...
Agora parece que o INEM não tem dinheiro nem para sustentar as actuais estruturas, e muito menos terá verbas para fazer a compra dos helicópteros de transporte das periferias transmontanas e alentejanas para os competentes centros de urgência.
Todavia, continuarão a teimar no inútil projecto do mega aeroporto de Alcochete que só uma pequena minoria privilegiada poderá vir a utilizar, mas que todos iremos pagar.
E o mais absurdo é que iremos pagar as vaidades estúpidas à custa da supressão da elementar assistência de emergência médica!!!!!!!!!!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

AMAR É URGENTE

Abre a alma para a vida
E deixa entrar as flores, o mel, um perfume jovem.

Olha que tudo é transparente
Quando é puro.
Não deixes que os teus olhos fiquem baços
Não deixes a tristeza tomar o coração
Ama.
Ama, nem que seja um pássaro azul e viageiro.
É.

domingo, 6 de julho de 2008

O AVIÃO A PIQUE

O preço do crude vai continuar a aumentar enquanto alternativas válidas não tiverem capacidade para destronar o petróleo. Verdade é que para além dos combustíveis sobram ainda muitas áreas no setor químico a viver do fedorento óleo que certos pontos da terra, onde os abexins são donos ao colo dos americas, jorram com misteriosa abundância. São abexins mas de conluio com esta soberba e "inteligente" administração americana do B fizeram desencadear uma subida de preços que põe às aranhas governantes, que são sempre os "bem governados", dos países consumidores. Claro que nesta classe de consumidor só está o Zé Pagode. Os outros têm carros e combustíveis pagos pelas “entidades governamentais ou empresariais”.
Saltou-me logo à lembrança aquele anexim do meu avô que numa bela metáfora traduzia tudo isto assim: "quando o mar bate na rocha quem se f….. é o mexilhão!" É isso mesmo. O alteroso preço do crude bate-nos na racha com extrema violência. E somos nós, o mexilhão… E enquanto mexilhão somos nós quem se fornica...
Há dias, um daqueles sábios, que por acaso nem mora na nossa enciclopédica capital, explicava, com lógica meridiana, que neste contexto de preços de crude o transporte de avião vai cair a pique… É que enquanto é possível encontrar alternativas eléctricas para os mais rápidos meios de transporte ferroviário, para o avião não há protótipos eléctricos…
Não foi preciso matutar muito para me rir, mais uma vez, do grande projecto de Alcochete e da sua indispensabilidade para a independência nacional (devem ser algumas empresas que distribuíram abadas de maçarocas a ministros …a contar com o ovo no cu da galinha!).
Olhei este país, que já corri e percorri de lés a lés, por abafados estios e em dias bravos de sincelo, e mais uma vez dei conta que o nosso aproveitamento hídrico é ainda um brinquedo, como folclórico é o panorama eólico para colher energia eléctrica…
Mas… (esta não lembra ao diabo!) os melros pressurosos nos projecto do mega aeroporto e nas redes moderníssimas de auto estradas….ainda não deram conta que muitas e muitas locomotivas são movidas a…gasóleo!
A trampa também podia servir para condecorar certos governantes, senhor Presidente da República!

sábado, 5 de julho de 2008

O FUTURO A VOAR

SEM NECESSIDADE DE ALCOCHETE!


Pois esse é o AEROSCRAFT, que será o maior objeto voador já criado pelo homem quando entrar em serviço. Por enquanto está a ser construído um protótipo com operacionalidade total prevista para o ano de 2010. Terá o tamanho de dois campos de futebol e carregará até 250 pessoas com o conforto de um hotel, equipado com restaurante, bar e um grande lobby panorâmico. Possuirá quartos para os viajantes e poderá também acomodar um cassino em seu pavimento inferior.

Será como um Queen Mary voador.

Ira decolar e aterrar verticalmente como um helicóptero, auxiliado por seis grandes hélices movimentadas por motores à base de células de hidrogênio, que não passarão vibração ou barulho aos compartimentos de passageiros.

Diferente dos seus ancestrais, os dirigíveis, o Aereoscraft não será mais leve que o ar, pois seus 400.000 metros cúbicos de gás hélio representrão apenas dois terços do peso total da aeronave, que se manterá no ar por conta dos grandes motores que o elevarão com facilidade, viajando até uma velocidade máxima de 280 km/hora, com expectativa de atravessar os Estados Unidos de costa a costa em dezoito confortáveis horas.
Porque não vai voar muito alto, como os aviões a jato, o Aeroscraft não necessitará de pressurização, o que permitirá o uso de grandes janelas envidraçadas, pelas quais os passageiros se poderão deliciar com as paisagens aéreas vistas a 2.400 metros de altura.
O mamute voador está a ser fabricado pela Worldwide Aeros Corporation, uma empresa californiana de propriedade de Igor Pasternak, que é também também o arquitecto desta futura maravilha que não vai precisar de ALCOCHETES!!!!!!!!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

DESENHAR FUTUROS

Dentro do peito moram as dores que desenham o futuro…
Mas o meu peito não é um adivinho.
Nem sequer é morada dos pensamentos que são vadios
Ao encontro dos sem teto, dos sem abrigo,
Dos que dormem em chão duro…
Não sei dizer o que dói, mas sei que dói,
E sei que as dores moram no peito.
Se calhar era preferível nem ter peito,
Que o peito não sabe nada do que se passa, do que é feito,
Não serve de escaninho de doces memórias,
Nem sequer sabe distinguir a água do vinho
Mas é verdade que dormimos sempre com um coração moído de estórias…
Como se o coração não fosse mais que um simples motor de rega
Como se o coração, que mora no peito,
Não fosse senão para dar sangue sem ter nada mais em que pensar.
Muito menos o coração pode alimentar a preocupação de projectar
Aliás, pensar é uma tarefa cada vez com menor prática.
Acho que não temos nada que pensar.
Pensar é perverter.
Temos é que viver.
E viver depressa, enquanto é tempo…
Que o tempo é uma gaivota inquieta
Um vento de inverno, mas quente e com música de opereta…
Mas teremos que pensar no tempo que temos para viver?
Como se cada um fosse uma couve flor?
Como se cada um fosse um alecrim doirado pelos Outonos?
Como se cada um se vestisse de insecto para ir à festa?
É claro que não entendes nada do que quero dizer, meu perdido amor!
Eu também não.
Mas se digo é porque há razões para dizer.
Sobretudo dizer-te que é dentro do peito
Que moram as dores que desenham o futuro...

AI O MEDO!

Há coisas poucas de que tenho medo...
Direi até que de nada tenho medo.
O medo é um grito aflito no deserto dos silêncios...

Mas há coisas que me fazem urticária, que provocam incomodidade visceral, que me doem no corpo e me arranham a alma...
Todas essas coisas são as coisas que não compreendo.
Quando compreendo o que quer que seja fico acoitado na normalidade, na conformidade da natureza, na vulgaridade da água que vem da fonte e vai até ao mar....
Arrepio-me é quando tudo acontece ao contrário.
Aí não entendo nada e todo eu sou o avesso, a sangria de estar, a dor que vai do pé à cabeça e que faz de tudo o contrário do que é...
Dói-me.... dói-me muito, não ter razões, nem margem, nem um fio de lógica para acreditar…
Fazer a implosão do monumento da verdade... Dói muito..
Ai se dói!
Dói agora e vai doer durante a eternidade...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

ANUNCIAÇÃO

É bago a bago que colho os dias
Sob a indiferença do tempo.
Não.
Com toda a minha indiferença perante o tempo.

Eu sei que numa noite de luar
O tempo será três sinfonias
E que, depois, ao acordar,
Terei um arco enorme e colorido de harmonias…
Mas eu sou pior que o deus me livre
E já passei, sem retorno, para um jardim sem dono
Onde faço comigo o que me dá na gana…

Ser livre tem que ser assim:
Os outros são tudo para mim
Mas, depois dos outros, não me importo de ser um safardana
Sem deus, sem pátria, sem telha, sem nada,
Quero ir ao limite de experimentar o sublime sabor do abandono.

O FERRARI DO PEDINTE

Ela é feia, seca, tem voz de fuinha, um toutiço à século dezanove. Manda no PSD e ninguém lhe encontrava o fio duma ideia para construir um projecto social válido, alterativo e alternativo a esta pândega governativa do dito cujo engenheiro socretino.
Eis senão quando, a avozinha rapa da manga um lume fino e sedutor: já não estamos nos tempos faraónicos e os projectos de super-aeroportos e trens de alta velocidade, ditos TGV por ser esta a sua matriz primeira por terras de França, assim como se fossem as jeens dos comboios…(eu gosto destas soluções metonímicas; vêm de encontro ao meu saber e provam que o meu saber não é tão inútil quanto eu julgava…) Estas bondades tecnológicas não têm cabimento num país pobreta como o nosso, onde há graves défices na educação, na saúde e em todas as competências produtivas.
Mais, disse a avozinha de timbre rachado na voz, quem paga esses luxos serão todos os portugueses, mas quem vai fruir ou usufruir dessas aventuras tecnológicas será uma percentagem mínima dos 10 milhões de pagantes que todos somos.
É claro que logo se topa aqui uma imoralidade berrante: todos pagam para que uma ninharia de privilegiados possa desfrutar dos luxos, das pompas, dos cómodos dos moderníssimos trastes que a supercivilizada sociedade pode oferecer.
Mas há mais; muito mais. Querem fazer um mega-aeroporto para acolher o quê? Voos domésticos?
É que mais de 95 % dos voos que chegam ou saem da Portela têm origem ou destino nos países do espaço comunitário… E que se saiba este espaço terá muito brevemente mais de 30 países no espaço europeu.
Restam as Áfricas, as Américas, as Ásias e a Oceânia.
De África aparecem, eventualmente, voos dos PALO’S. O mesmo acontece com as Américas.
As formalidades para voos domésticos não têm que saber: é comprar o bilhete como se partíssemos duma estação de camionagem ou dum apeadeiro do comboio. Assim vai acontecer quando terminar esta psicose idiota dos atentados nos aviões.
Que a estória dos atentados é um faz de conta para vender mais caro!
Qualquer imbecil sabe que é muito mais fácil fazer descarrilar um comboio do que mandar abaixo um avião.
Mas quem tiver dúvidas da percentagem referida que vá ao site da ANA controlar chegadas e partidas e ficará esclarecido….
Mas há mais, muito mais que vos contarei daqui a dias…
Pena que a avozinha seja tão feia e triste de figura, E tão azeda de modos!