segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O MEDO

O medo não é nem preto nem branco.
O medo é da cor da ansiedade, da cor da falta de ar.
O medo não fala. Grita. O grito é sempre a forma do medo.
O medo é oval. Tão oval que parece a origem de tudo.
Quando o medo aparece muito repentinamente é um susto.
O que vem sorrateiro e avisado já não é susto, mas pode continuar ser medo.
É assim que há medo do trovão e medo dos silêncios.
Quando o medo é muito em demasia já é mais que medo: é pânico!
Este medo nunca é inteligente.
Aliás, qualquer medo é parvo. Porque não vale a pena ter medo...
O medo é sempre inútil. É ainda mais que inútil: é um prejuízo.
O medo rouba a lucidez!
Rouba de tal forma a lucidez que frequentemente temos medo de coisa nenhuma. Temos medo do que já não é...
Quase todas as pessoas têm medo dos mortos e medo da morte.
Sobretudo têm mais medo dos mortos que dos vivos.
Este comportamento é imbecil. Um morto morreu. Já não interfere com a vida.
É acabado como a noite é acabada quando acaba o dia.
Mas as pessoas têm medo das noites e não dos dias.
Na verdade, na noite dorme-se.
Todavia, é a dormir que temos pesadelos.
Pesadelos são medos de coisa nenhuma...
Não percebo nada do que seja o medo...

Também não tenho medo de gostar de ti!