segunda-feira, 27 de abril de 2009

CARAMIURU EM VIANA

Caramuru é um mito. E "o mito é o nada que é tudo". Dizia Pessoa.
O local do nascimento não põe nem tira coisa alguma: é sempre uma questão técnica, ou de conveniência, ou de simples acaso... Ou não é assim?
Caramuru terá sido um viajante à procura de fêmeas, práticas que não dezabonam o mito do seu recente nascimento enquanto mito.
O padre Costa de Trancoso, em 53 mulheres, conseguiu filharada que quase chegava à três centenas. A injusta justiça condenou-o `a morte e depois a ser desfeito, arrastado por uma mula. Mas havia um rei que era Príncipe Perfeito ( D. João II)que não só suspendeu a pena, mas lhe louvou o contributo para o povoamento daquela despovoada região da Beira Alta.
Lá, nas terras de Trancoso, onde a Mofina Mendes de mestre Gil iria fazer fortuna como feirante, não há estátuas do Padre Costa. Só do Bandarra, que era profeta à maneira da Pitonisa: dava sentenças tão metafóricas que tanto resultavam em tinto ou em branco: era vinho e pronto. Deixemos Trancoso e vamos até à praça da República....
A nossa PRAÇA DA REPÙBLICA tem uma harmonia tão complexa e tão original que, mandaria o bom senso, nunca tocar alí sem extremo, e sempre duvidoso, escrúpulo estético...
Ora, o que me parece ter acontecido, foi meter um solo do Quim Barreiros entre o hino à liberdade do coro da 9ª sinfonia de Bethoven...
Não tenho nada contra o Quim Barreiros (malandro que não considero pimba...) nem contra o Caramuru que despertou amores e fez povoar a região da Bahia... Antes pelo contrário: até gostava de o aplaudir já que não é tempo de o imitar... Mas aquele "poio" na PRAÇA DA REPÙBLICA é abusar do nosso sentido estético e ultrajar o bom senso...