Lembro-me duma melodia branca.
Talvez azul para ser tão infinita como o céu.
Com certeza azul para ser tão viva como o mar.
Lembro-me da melodia porque nunca a esqueci.
Lembro-me porque sempre me doeu o silêncio.
O silêncio é um barulho ruim, uma turbulência permanente, uma tempestade regular.
Os deuses castigam-me com silêncios.
Nem eu sei compreender porque fico refém dos silêncios.
Deixo-me prender numa muralha transparente e violenta de que furiosamente me quero libertar.
Se calhar não quero.
Porque é esta conduta que faz a história dos meus hábitos.
Nunca me deixei molestar por muita coisa, e sofro sofrendo de sofrer, e magoo um dói de magoar, e grito um grito de amedrontar…
Às vezes preciso de ser péssimo.
Eu nunca soube e nunca saberei resistir a um desafio de circunstância.
Sou mais arrastado pelo desafio que pelo encantamento.
Agarra-me mais a provocação que a sedução.
Procuro uma voz no acaso dos números.
Uma voz com sabor a violetas.
Uma voz com afectos anónimos.
Uma voz que se abra em ternuras como a fonte virgem onde ia colher água na minha infância.
Não imagino o que me possa fazer falta.
Talvez um seio.
Talvez um bafo com sabor a orvalho.
Talvez uma penitência para me redimir destes silêncios brancos.
Amanhã vou encontrar um rosmaninho para namorar comigo…
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
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1 comentário:
Não consigo enviar comentários com o meu nome.
Dizia eu que há já algum tempo que não temos o prezer de te ler. Até quando?
Altina
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