sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O MEU SETEMBRO

Eu nunca faço anos.
Inventaram-me um dia para nascer
Mas eu ainda nem nasci. Não quero ser cicrano ou beltrano. Muito menos lusitano
Hei-de ser eu, nado e criado, quando me apetecer:
É que não sou pessoa de concordar com o que quer que seja
Antes de ser consultado.
Ninguém me perguntou se eu queria ou não queria nascer
Nasci sem ser culpado: fui enviado!
Muito menos me perguntaram o tempo e o lugar para ter certidão
E para eu recusar basta que a capital seja Lisboa
E ninguém, previamente, me explicou isso de ser cidadão
Nesta terra de lorpas onde uma pessoa
É quase um cão
Quase um zaganeiro qualquer tirado do ribeiro
Menos que um faquir das Índias viajeiro
Uma espécie de fuinha assustada, malhada, que no prado se anichou,
Muito pior que o esquilo trepador e feliz entre os bosques que o frio purificou.

Por favor, não me digam nada de nascer!!!!!!!!!!
Não sei quando, nem como,nem porquê. Nem sequer um talvez...
Mas uma coisa é certa: não quererei nascer aqui…
Não quererei crescer entre cavalos e burros e à sua mercê
Nem entre patos idiotas que valem milhões porque têm coice.
Perdoam-me os amores e os amigos!
Podem ter a certeza do tamanho do tempo;
Que quando eu nascer todos vocês estarão comigo. Isto vale um testamento!

Setembro de 2008

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