domingo, 20 de março de 2011

OS PAIS DOS PAIS

OS PAIS DOS PAIS

Eu tenho um pai eterno.
O meu pai ainda já é o meu filho que parou na idade.
Eu, hoje aqui e agora, no sossego do momento,
Sinto bem que já sou o filho do meu filho:
Somos uma trindade. Transparente como o vento
E tão eterna como as eternidades.
É verdade que entre nós não há ambiguidades,
É tudo igual e indistinto, tudo sagrado e profanado
Tudo corre num desvario ordenado
Onde a tempestade é bonança
E a discórdia é temperança….
O mais menino sou eu que estou no meio
E estar no meio é estar no doce amor do seio
Porém, entre nós, tudo parece um devaneio,
Um passeio tranquilo, sem projecto nem receio…
Não necessitamos de pombas, de arcanjos ou mistérios.
De nós para nós, correm os amores sem idades,
As ternuras afagam-nos sem molduras,
Sem escrituras ou regras de culturas.
Os afectos tão naturais como os vendavais uo como este luar
Que hoje brinca a brilhar
E faz luzeiro doirado na noite, aqui ao lado, sobre o rio nosso
E sobre o nosso mar.
Tenho um escaninho, um sacrário, fora dos tempos
Onde moram amores e se confundem sentimentos.
Nunca se pedem explicações de mistérios:
Os mistérios são de usar em momentos sérios,
Quando nada explica a dimensão intensa de amar ou de morrer
E deixa de haver razão de procurar e de entender
Estes amores… das alegrias de viver!

1 comentário:

Marta Viana Mugler disse...

Isso faz de mim a Virgem Maria? :-)