domingo, 18 de janeiro de 2009

SACRISTIA OU ICONOSTÀCIO

Nasci quando era uma sexta-feira.
Quase noite.
E porque já era quase noite minha mãe estava em casa.
Não me lembro do orgasmo do meu pai, nem de mamar, de chorar de usar fraldas e de ter chupeta.
Lembro-me dos caracóis louros e de andar de bicicleta com o meu pai.
E também me lembro de, com ele, jogar à cabra-cega e de andar à bulha.
Eu ganhava sempre porque ficava sempre por cima.
O meu pai ensinava-me a escrever com lápis americanos porque o avô os mandava da América.
Não sei bem se aprendi mas quando me lembro das coisas já sabia escrever.
Depois, quando tinha cinco anos, o meu pai morreu.
Sei que da minha não tenho boas lembranças.
Era tão benta e beata que queria que eu fosse padre.
E batia-me porque eu gostava mais da minha vizinha do que de ser padre…

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