Dentro do peito moram as dores que desenham o futuro…
Mas o meu peito não é um adivinho.
Nem sequer é morada dos pensamentos que são vadios
Ao encontro dos sem teto, dos sem abrigo,
Dos que dormem em chão duro…
Não sei dizer o que dói, mas sei que dói,
E sei que as dores moram no peito.
Se calhar era preferível nem ter peito,
Que o peito não sabe nada do que se passa, do que é feito,
Não serve de escaninho de doces memórias,
Nem sequer sabe distinguir a água do vinho
Mas é verdade que dormimos sempre com um coração moído de estórias…
Como se o coração não fosse mais que um simples motor de rega
Como se o coração, que mora no peito,
Não fosse senão para dar sangue sem ter nada mais em que pensar.
Muito menos o coração pode alimentar a preocupação de projectar
Aliás, pensar é uma tarefa cada vez com menor prática.
Acho que não temos nada que pensar.
Pensar é perverter.
Temos é que viver.
E viver depressa, enquanto é tempo…
Que o tempo é uma gaivota inquieta
Um vento de inverno, mas quente e com música de opereta…
Mas teremos que pensar no tempo que temos para viver?
Como se cada um fosse uma couve flor?
Como se cada um fosse um alecrim doirado pelos Outonos?
Como se cada um se vestisse de insecto para ir à festa?
É claro que não entendes nada do que quero dizer, meu perdido amor!
Eu também não.
Mas se digo é porque há razões para dizer.
Sobretudo dizer-te que é dentro do peito
Que moram as dores que desenham o futuro...
sexta-feira, 4 de julho de 2008
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