quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

AEROPORTO PARA QUEM?




Sou um cidadão periférico. Nasci no campo e, com a bicharada mais diversa, descobri coisas da vida.
Não fiquei de vistas curtas porque os meus horizontes eram naturalmente largos.
Estudei por cidades médias, mas andei pelos mundos a cumprir penas, a fruir deleites, a olhar o estranho e a compreender o bizarro.
Verdade que moro pelo Alto Minho e, tomado por esta periferia, posso perder o discernimento das grandes questões patrióticas, dos magnos interesses, das conveniências futurantes e pródigas para as grandes estratégias nacionais….
Ganho, todavia, uma prova comparativa fácil e palpável, com o que se passa na vizinha Galiza, com os seus 4,5 milhões de habitantes, cerca de metade da população portuguesa.
Conheço bem os aeroportos de Vigo, de Santiago de Compostela e da Corunha, aeroportos que a gente daqui utiliza regularmente quando viaja para fora do espaço comunitário. A razão é só uma : é muito mais barato…
Verdade que aqueles aeroportos parecem estações de camionagem com uma longa pista para as aterragens.
Dali, bilhete comprado e BI exibido, se voa directamente para todos os destinos da União Europeia. A psicose dos atentados ( uma parvoice tonta porque é muito mais fácil fazer descarrilar um TGV do que fazer cair um avião, ou não é verdade? ) essa pasicose está a a passar de moda e as formalidades alfandegárias não existem.
Ir para as Américas obriga a fazer uma escala em Barajas onde se cumprem os controles de bagagens e demais “chec in’s” convencionados.
Os voos para a UE são voos domésticos e têm o mesmo trato.
Eu não percebo nada de aeroportos e por isso cumpre-me pesquisar e perguntar.
Fiz duas pesquisas das chegadas ao aeroporto de Lisboa, Uma no dia 12, outra no dia 15. No dia 12 aterraram em Lisboa 173 aviões. Só 22 era de fora da União Europeia, e destes 2/3 vinham das antigas colónias. No dia 15 aterraram 165 e só 19 não eram da UE. 2/3 continuavam a ser das antigas colónias.
Podemos assentar nesta média de aterragens de 170 aviões, sendo só 20 voos não domésticos a necessitar de formalidades burocráticas. Em média 150 utilizam o avião com se utiliza um autocarro. Eu pergunto agora: a Portela não chega para receber 150 voos domésticos? E os outros voos não podem fazer uma escala ibérica num aeroporto que, consta, a Espanha irá construir, para o efeito, entre Cáceres e Madrid?
Para que se gastaram tantos milhões no aeroporto internacional Sá Carneiro?
Para que se vão gastar tantos milhões numa obra faraónica, e inútil, em Alcochete?
Entretanto, porque continuam em 656 celas, aí 3.000 presidiários, a fazer os dejectos num balde?
Porque há infantários em prefabricados e tantas escolas sem material escolar, sem aquecimento, sem condições mínimas de acolhimento?
Quantos portugueses usam regularmento o avião? 10%? 15%? Quantos nunca fizeram baptismo de voo? 50%?
Mas todos vão pagar, ou já estam a pagar, para mais pontes e mais aeroportos…
Lisboa julga-se o umbigo do mundo…. E quando assim acontece… o bom senso vai-se na enxurrada…


Sopapos

Sem comentários: