quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

A lei para o fumador





Não nutro particular apreço por Santana Lopes. Nem como pessoa e muito menos como político. Magoa-me a pedantice e a prosápia de quem só gosta de estar no galarim….
Mas Santana Lopes disse, não vai muito tempo, uma verdade incontroversa: “este país está doido”.
E disse-o numa televisão que é, hoje por hoje, o palco mais mediático, e de maior alcance porque toca mais pessoas. Só por isso. Não vamos levar em conta a barbaridades inomináveis que todos os dias nos entram em casa pela porta da caixa que mudou o mundo…
Santana Lopes trambicou e disse uma verdade porque lhe feriram o orgulho, porque lhe subalternizaram as vaidades, porque o trocaram na importância por um treinador de futebol…
“Este país está doido”… E é verdade. Apetece-nos desencadear uma série de crónicas sobre este triste, tristérrimo tema:
“Este país está doido”.
Há factos que nos estão mais próximos que nos tocam mais ao ouvido, que demonstram de forma mais sentida, a doideira deste pais.
Poderíamos falar do apito dourado, uma banalidade sempre na berra, para escurecer o caso sério da Casa Pia.
Poderíamos falar dos textos de Miguel Torga estropiados, numa prova de inconsciência e incompetência profissionais, que se encontram nos livros escolares. Poderíamos enumerar os desvios do BCP e as golpadas apadrinhadas pela Caixa Geral de Depósitos. Poderíamos falar da ladroagem à volta do autódromo do Estoril ou do escândalo de oferecer, com pompa e circunstância, um estádio para 6.000 espectadores aos palestinianos da Cisjordânia a mérito dum Instituto de Cooperação para o Desenvolvimento…
Mas falemos do tabaco, do cigarrito reprimido e proibido e do charuto consentido e protegido.
As leis, as normas jurídicas, são gerais, universais, imperativas e coersivas. Até na ditadura salazarista, os teóricos Pires de Lima, Antunes Varela ou Galvão Teles, não transigiam quanto a essas marcas fundamentais herdadas do direito Napoleónico.
A lei de não fumar em lugares públicos foi promulgada e é para todos, já que o corpo da lei não isenta ninguém.
Pois vejam se o país não está doido: os fidalgotes da noite do casino Estoril deliciaram-se com as fumaças perfumadas dos seus Cohibas, dos Monte Cristo, dos Macanudos. Até o chefe mandão da ASAE, coitadinho, petiscou das humildes cigarrilhas...
Tudo na mais absoluta e muito liberal impunidade… que as leis agora não são para os poderosos… E tanto é assim, que no mesmo dia, em Elvas, um castrejo fumador lá teve que pagar uma coima, para que a lei se cumpra, porque fumava num café….
Tenha cuidado o compadre de Deixa-o-Resto: não petisque na tasquinha uma puxa porque isso, para si, é absolutamente proibido. Se quiser fumar, arranje um Cohiba; junto do camarada Fidel…. E vá para o casino Estoril. Aí a lei não entra!!!!!!!

Sopapos

1 comentário:

Rui Namorado disse...

Se rugires como o leão quando chegarem os ratos , arriscas-te a só poder fugir como um rato, quando chegarem os leões.