quarta-feira, 11 de junho de 2008

FARTAR VILANAGEM

Os últimos dias foram um estenderete aqui em Viana do Castelo.
Dum momento para o outro Viana encheu-se de piruetas de jactos e de helicópteros, de tropa camuflada, de paraquedistas e fusileiros, com poucos soldados e muitos graduados, de tanques, chaimites e outros bizarros carros de combate, de um balão enormérrico de publicidade às forças armadas, de metralhadoras e canhões...
Entretanto o Hospital corre o risco de não poder prestar assistência à doença por falta de verbas!!!
O presidente da República chamou-lhes comemoração do dia da “Raça”- uma patacoada irresponsável de quem padece dum défice cultural grave, e não percebe que quem defende a raça é racista… Um escroque da História defendia a “raça ariana” e foi responsável pelo holocausto que matou milhões de inocentes criaturas…
Estas comemorações do dia não sei de quê, nem de quem, são o espelho duma vergonha, duma insensatez, dum despudor sem norte...
Dá vontade de berrar, de cuspir, de escarrar...
Mas ontem acabaram-se as facécias e foram brincar às guerras para outro lado!
Mandaria o simples bom senso que tudo fosse comedido, mesurado, que tudo acontecesse na divina proporção num país pedinte a famélico.
É que, com estas estúrdias, tão inúteis quanto luxuosas, o governo perde a pouca autoridade que ainda possa, ou poderia, deter…
De há muito que o governo abdicou do poder regulador encafuando as suas incompetências dum liberalismo selvagem.
A perda de autoridade é tão grave, grande e notória que assistimos agora a um “lock out” das empresas de transporte de mercadorias.
Está no artigo 57 da Constituição assim escrito para que não haja ambiguidades: “ É proibido o Lock-out”.
O que vemos hoje? Um país parado, atacado já pela precariedade de bens essenciais, às portas do pânico.
Estamos, estão os que podem, virados para Espanha e é lá que vamos buscar os combustíveis, a garrafa de gás por metade do preço, e lá vamos buscar, os tomates, o pepino e outros legumes… E também a fruta. (é preciso ter cuidado com esta palavra porque uma escuta da nossa expedita PJ até nos pode encalacrar..) Quando digo fruta é mesmo isso: maçãs, nêsperas, a banana, o pêssego…
É um corre-corre à procura do necessário.
E o IVA e outras taxas e impostos ficam do outro lado…
O senhor ministro das finanças, que tem casa na fronteira do Rio Minho, deve saber disso perfeitamente… E só não vai, ele próprio, atestar o carro à outra banda porque é o Zé Povo quem lhe paga o combustível…
Mas já ouvimos referir que até Câmaras Municipais se vão abastecer ao outro lado da fronteira. E tudo isto acontece porque as gasolineiras estão a engordar os cofres escandalosamente.
As gasolineiras e os passados governantes que por lá fizeram o seu ninho dourado…
Teremos chegado, pergunto eu, ao apeadeiro do “fartar vilanagem?”

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