domingo, 1 de junho de 2008

UM DIA DO INVÉS

Há tanto tanto tempo que as ondas me falam duma distância imprevista.
Falam as ondas e as andorinhas do mar que pastam apressadas enquanto tomo o meu sacrossanto e matinal café.
Não saberei nunca se o café é sagrado por ser matinal ou matinal por ser sagrado…. É o café que faz o meu bom dia na hora do cedo ou na hora do mais tarde.
Mas tem que ser à beira mar…
Se não for à beira mar tem que ser à minha beira.
O que está ao pé de mim ou me encanta ou me pica uma dor que doi dos pés à cabeça.
Mas gosto das ondas a marulhar nas penedias, ondas que sempre me contam, com rigor colorido, os sonhos que nasceram no Oriente…
O Oriente é donde nasce o sol. Eu sei.
Mas com o sol tenho pouca conversa.
O sol é um ditador: põe e tira o que quer e não dá explicações.
Nunca ninguém se atreveu a dialogar com o sol.
O sol não responde.
A lua sim. É feiticeira mas responde.
O sol é pior que o hipopótamo da rua onde ninguém sabe o que seja um hipopótamo.
Mas estas confabulações valem menos que um segredo que nunca conseguirei desvendar: porque será que um cavalo marinho é muito menor que a gata que dorme no meu colo?
Entretanto é cavalo. E marinho.
E a pobre da gata é um doméstico animal que nem caça, nem marinha.
Só come. E depois dorme.

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