sábado, 28 de junho de 2008

TODAS AS SAUDADES

Hoje é o meu dia de todas as saudades.
E são tais e tantas as saudades que duram há mais de sessenta anos.
Eu tinha um pai, e era menino
E o meu pai era um pouco menos menino do que eu nas idades.

Um dia, que tinha o nome de hoje, dizem que veio um deus cretino
E que esse deus, poderoso de todos os poderes, eterno e criador
Levou o meu pai
Sem compaixão pela dor e sem lhe pesar o amor terno.

Este deus só podia ser um deus insano e de maldades
É que eu, no tempo de ser avô, ainda hoje continuo morto de orfandades.

Se calhar é por isso que odeio os deuses
E muito mais aquele deus que me ensinaram ser todo poderoso
E infinitamente justo e generoso; e ainda carinhoso e rigoroso!

Se deus houvera, bastava que ele fosse sensato e razoável,
Para que uma criança não tivesse que crescer nas varadas da vida
Sem o afago duma duma orientação perante tantos caminhos sem saída.

Pai, eu vou precisar de ti mesmo quando eu morrer
Se eu morrer...

3 comentários:

Anónimo disse...

Texto que vai tão muito fundo como a dor de que provém...A ler e a reler em comunhão sincera de afectos

maria disse...

Pior que essa dor, é ter o pai vivo e não o conhecer!!!!!!!!

maria disse...

Pior que essa dor, é ter o pai vivo e não o conhecer!!!!!!!!