sábado, 3 de maio de 2008

ESCREVER

Escavo, escravo, escrevo.
Tudo e todos exigem que de quanto escrevo tenha que nascer um projecto, um louvor, um hossana uma dentada no corpo…
Nunca farei nada a mando faço o que a minha natureza pede. E vou até onde o sono me apetece.
Não tenho que destinar nada para ninguém.
A escrita não é ouro de lei nem encomenda que se tece.
Escrevo porque me apetece. E tudo me apetece quando o fogo, o luar, um olhar, um desaforo entram na razão e abanam as cordas do coração
Escrevo como quem explode. E não cuido dos estilhaços das palavras e muito menos dos campos que se lavram à custa do aparo do meu arado que gosta de escrever sem tino e sem reservas.
Sou como a erva do prado verde que nem ganha nem perde com os acontecimentos da tristeza matinal ou com os complexos do colorido outonal.
Escrevo como se toda a gente andasse no pitoresco carrocel de Santander.
Escrevo por prazer depois de ter uma dica qualquer, uma pancada, uma lambada, uma cajadada ou um coice de mula maltratada.
Escrevo para me defender como escrevo para ofender.
Escrevo em qualquer sítio, rijo ou mole, no panal de espanto ou no mural escondido onde não se veja.
Mas o que eu gosto mesmo de escrever é uma grossa asneira na porta da igreja.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei...Não sei porquê, mas que inportância tem isso? Não vou prosseguir, pois entraria também nas núvens...