sábado, 23 de fevereiro de 2008
A ENXURRADA
São tantos os acontecimentos a exigir considerandos, tantos os factos a merecer crónicas que ficamos com pena de não ter tempo para cronicar o futuro, a nossa (des)educação, as trapalhadas daquele ministério onde ninguém parece perceber nada de coisa nenhuma. Temos uma ministra que nunca definiu o seu conceito de educação, nem de avaliação, nem de coisa nenhuma. É um mecânico que sabe que o carro deve ter um motor, mas não sabe onde está o motor e muito menos está capaz de compreender o seu funcionamento. Valha-lhe S. Pancrácio… que é sempre um santo muito benevolente…
Mas esta semana a televisão saturou-nos de sábias e impolutas criaturas que vieram explicar a corrupção dos autarcas, as causas e os efeitos da desorganização urbana, a importância de Lisboa que terá em 2020, 45% da população do país. Preopinaram sobra soluções para as desgraças das enxurradas, a morte das jovens arrastadas pela cheia imprevista e violenta, a perda de bens, os danos materiais….
Toda aquela fila de sábios argumentava e (in)explicava o acontecido e os porquês… Até um senhor, muito composto, mostrou como a chuva foi tanta e se aproximou tão repentinamente…..
E eu, aqui nesta distância parola, e qualquer dia com as pessoas a procurar o refúgio da boa ração pelas bandas de Lisboa ( sete ex-gestores do BCP recebem 80 milhões de Euros, diz o DN de 20/02) fico sem perceber patavina das burrices daqueles cabrestos alinhados em sábios…
A democracia mede-se pelo grau de participação do cidadão. E são tanto mais democráticas, mais operativas e mais poupadas as estruturas que mais se aproximam do cidadão comum. Toda a gente fiscaliza o trabalho das juntas de freguesia que funcionam de porta aberta. Na Câmara Municipal já há mais burocratas, com várias secretárias, que outra coisa não fazem senão controlar acessos e reter o cidadão incómodo…. Do que se passa no governo central ninguém sabe nada. Melhor, sabemos todos… que rolam milhões de milhões pelos algerozes, pelas sarjetas, pelos canos de qualquer escape….
O que o governo central não faz com mil, a câmara pode não fazer com cem, mas a junta de freguesia faz com dez.
Pois…em Lisboa, cidade das sete colinas, veio tudo parar nas ribeiras cimentadas, alcatroadas, fechadas aos fluxos intraváveis da água. Antigamente construía-se no cimo das colinas…. E a água corria pelo seu leito natural…. Cortaram a natureza do seu curso… vem a enxurrada…
Pena é que não tenha ido na enxurrada a governança deste país que faz de Lisboa o umbigo do Universo…
E perfume de muita água, aqui do Alto Minho, onde a água ainda é o sangue da terra….
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