quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

NAMORAR





Hoje é o único dia em que não quero namorar.
Perdoa, mulher minha, mas quebrei ânimos de amar
Nem eros tenho para te descompor a véstia
Nem ternura para te escrever um verso
Nem doce enleio para te cantar a melodia
Que, sem ensaio ou fantasia,
Uma cantada te posso dar em qualquer dia.

Tu sabes, mulher de qualquer circunstância,
Que não sei obedecer nem a mandos, nem a santos,
E sabes que manda em mim a sagrada natureza,
E que é sempre com cuidada elegância
Que avanço, ou paro, quando haja ou não haja encantamento
Ou quando o clima, o entorno, o manto de fofo pano,
Me agradam, me atraem, me seduzem, me levam até ao sacramento…

Eu faço a hora, o dia, o mês e o ano
Porque sou o dono do tempo.

Invento a lua ao meio dia
E escondo a Primavera dentro do Outono.

Não preciso dum dia banal
Dum santo duvidoso e mono
Para curtir, ao natural,
Amores, namoros, ternuras, ofertas e gestos

Namorar é uma arte sem palavras.
Basta, em qualquer dia, a linguagem dos afectos…

1 comentário:

Regina Fernandes disse...

namorar é preciso hoje, amanha e sempre!!! Haja oportunidade, disponibilidade e, sobretudo, vontade. Adorei o seu texto. Beijocas