domingo, 24 de fevereiro de 2008
HOJE SERIA CARDEAL....
Nasci quando era uma sexta-feira. Quase noite. E porque já era quase noite minha mãe estava em casa.
Não me lembro de mamar, de chorar de usar fraldas e de ter chupeta. Lembro-me dos caracóis louros e de andar de bicicleta com o meu pai. E também me lembro de, com ele, jogar à cabra-cega e de andar à bulha. Eu ganhava sempre porque ficava sempre por cima.
O meu pai ensinava-me a escrever com lápis americanos porque o avô os mandava da América. Não sei bem se aprendi mas quando me lembro das coisas já sabia escrever.
Depois, quando tinha cinco anos, o meu pai morreu.
Sei que da minha não tenho boas lembranças. Era tão beata que queria que eu fosse padre. E batia-me porque eu gostava mais da minha vizinha do que de ser padre.
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2 comentários:
Pois é:
Os domingos são assim!
Quando a chuva cai e a preguiça canta, ficamos em casa: no sofá, na cama ou ao computador a relembrar os anos da meninice. E agora, pergunto eu: quantos de nós têm muito melhores recordações do pai do que da mãe? Eu também tenho óptimas recordações do meu pai. Tudo que sei, ele me ensinou; senão pela palavra, pelo exemplo. E as gargalhadas de uma alegria sem mácula foi ainda ele que mas deu!
Bom domingo, escritor...
Altina
A Avó punha a língua de fora e trincava-a quando vinha a trás de nós para no pôr pimenta na boca porque dizíamos coisas que não compreendíamos que eram feias nos ouvidos dela mas fazia, como ninguém bolinhos de “gerimu” e as avencas dela eram sempre luxuriantemente verdes.
Quando, uma noite, a vi, em segredo, a soltar o seu longo cabelo negro (que tão bem combinava com os olhos azul céu e a pele de neve), percebi a solidão de um corpo há tanto abandonado.
Guardo memórias do cheiro a limpo, do lustro da brilhantina, das pernas com varizes que pareciam auto-estradas, do café passado sempre fresquinho, dos santinhos, do cheiro das rosas a ladear a escada de pedra e do moinho no ribeiro ali tão perto...tudo isso são também recordações da avó Emília Teresa de Jesus
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